quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Entre escadas e cabines

     Cotidianamente fui deixar minha mala na escada. Era um lugar cômodo perto da saída e das cabines telefônicas, no meu colégio temos cabines que nem as inglesas.

     Vida de estudante é uma droga mesmo, fico a semana inteira estudando... Que saco.

     Tem alguém no vão entre as cabines e a escada. É o meu sempai... Que estranho, o lugar geralmente só serve para por as mochilas.

     Ahh sempai, desse jeito até parece o dono do pedaço, braços cruzados pé na parede [que por sorte é escura] e observando as pessoas que estão passando. Deve estar se sentindo porque faltam poucos meses para que não precise chamar mais ninguém de sempai.
Normalmente deixo minha mala no mesmo lugar e dou um leve aceno complementado por uma "boa tarde, sempai". E, retirando-me, dirijo-me a biblioteca.

      Uma mão segura meu pulso, tento me livrar dela antes mesmo de me virar e ver quem é. Comprimo meus olhos ao sentir uma grande força, proveniente daquela mão, me puxa para trás e me colocar contra a parede em que meu sempai estava.

      A mente me manda abrir o olhos o coração a deixá-los fechados.
      Uma perna roça na minha antes de ser colocada entre minhas pernas. A mão que segurava meu pulso, agora, com a ponta dos dedos pressionadas contra meu colo me mantém na parede, enquanto a outra se encontra no meu queixo me fazendo olhar pra cima.
     Não quero abrir os olhos e a tal pessoa repara nisso. A mão que estava no meu colo dá um murro na parede a poucos centímetros da minha cabeça, ouço o forte baque. A que estava no meu queixo deixa-se escorregar pelo meu pescoço e repousa no meu ombro.
Sinto que ele se aproxima, encosta sua fronte na minha para disser assim:
     - Você sabe quem eu sou e o que eu sinto.
     Tanto a voz quanto a frase me chocam, meu sempai, era meu sempai, e ele estava se declarando pra mim.
     Um soluço acompanhado de lagrimas vem de mim... Ele enxuga minhas lagrimas. Meus olhos permanecem fechados durante o gentil beijo que foi dado.
     Ele vai embora sem disser nada. Eu escorrego pela parede até me sentar e permanecer chorando. Sinto raiva de mim por causa da minha reação. Foi como dispensá-lo, não foi?

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